Estou sendo vigiada pela sociedade?
Ilustração por Ana Machado (a mesma que vos fala)
3 coisas dessa semana:
[1] Vi alguém falando online, não me lembro quem, que as vezes se sente meio estranha vendo as pessoas nas visualizações dos stories que posta. Porque são, em sua maioria, pessoas que não interagem mas estão sempre ali na espreita, observando.
[2] Postar algo online que você quer que só uma pessoa não veja e provavelmente não vai ver. Ela vai lá e vê, só visualiza, nem fala nada, mas isso automaticamente te causa constrangimento.
[3] "Visualizações de perfil" no LinkedIn
Esse é um daqueles textos que começo a escrever sem saber onde ele vai chegar, mas nunca enviaria achando horroroso, tá? Se você está lendo isso é porque deu em algo, confia.
Algumas respostas aos 3 pontos:
[1] No meu instagram pessoal eu tendo a ter só pessoas que fazem sentido, por exemplo, se a gente estudou juntos em 2008 e nunca mais se falou provavelmente já te tirei da minha lista de seguidores.
Ao mesmo tempo, não faço essa manutenção sempre. Pensa comigo, as vezes é esquisito que:
*situação fictícia*
o primo do meu ex-namorado viu que hoje eu almocei num lugar junto com a Ma, a Ca, a Ju e a Pa (desculpa, não resisti). Sendo que, eu não contaria essa informação pra ele em outro cenário.
Eu tenho uma amiga que, ou fez isso sem querer, ou é uma gênia (preciso perguntar), cuja a foto no IG é só um dos olhos dela meio de lado. Tipo o que se veria do rosto de uma pessoa que espia através de uma fechadura, sabe?
Aliás, eu não sou muito de contar nada pra ninguém, mas estou toda semana aqui nessa newsletter contando pequenos causos que acho que podem ser divertidos ou conversar com mais alguém.
[2] Aquela sensação quando alguém do seu trabalho, ou de um contexto mais sério da sua vida, vê um vídeo bobo seu e aparece lá nos viewers. Nossa, eu odeio. Me sobe um constrangimento no corpo todo porque eu sei exatamente como eles estariam julgando.
[3] Hoje reparei, repare você também, que o LinkedIn inclui como que a pessoa chegou no seu perfil. Vários chegam porque eu simplesmente apareci no feed delas, normal.
Mas algumas, alguuuumas, chegam através da "Busca", ou seja, a pessoa parou um momento do dia dela, para por o meu nome, e ir ver o que ando fazendo profissionalmente.
Eu faço isso também? Óbvio! Mas por quê somos assim? Sério, algumas são amigas, elas poderiam perguntar. Eu me sinto pressionada para ter ali o que elas talvez esperem ver, que eu nem sei o que é.
E quantas vezes nós somos esses fantasminhas? Que estão ali assistindo a vida de outra pessoa, gerando mais um número, mas sem deixar nenhuma outra pegada. E qual o propósito disso?
Venho me esforçando para deixar comentários por onde passo.
Nível: tem um canal de YouTube que eu assisto, sem brincadeira, há uns 15 anos e nunca comentei nada. Eu falo deles pra todo mundo, mas apenas esqueci de falar pra eles que eu amo o que eles entregam ali.
No fim, penso que talvez essa seja a "sociedade". Aquela que a gente tanto ouve falar, não tem rosto de ninguém em específico, mas está lá apenas me olhando, e -na minha cabeça- julgando, comentando.
Me sinto vigiada pela "sociedade".
Se você me pedir pra falar algo de todos os stories que eu vi hoje, acho que não consigo te citar uma coisa. Sério.
Talvez a gente não seja tão importante assim.
Eu, pouquíssimas vezes, estou julgando com todo esse olhar que eu acho que estão me julgando.
But it still feels weird.
Até quinta que vem!